0 Mordomo Infiel

lc. 16.1
Lucas
16:1
Essa seção inclui a parábola do mordomo infiel (vv. l-8a), e vários enunciados de Jesus relacionados à parábola, ou ao tema de dinheiro em geral (vv. 8b-13). Esse texto na maior parte é singular em Lucas (embora Lucas 16:13 = Mateus 6:24) e contribui para expressar a preocupação de Lucas quanto ao uso adequado das riquezas.


16:l-8a

Poucas parábolas de Jesus têm constituído enigma para os leitores dos evangelhos mais que a parábola do mordomo infiel. A principal questão relaciona-se com o homem rico que louvou... o injusto adminis­trador.

Uma segunda questão relaciona-se com a razão por que Jesus menciona os atos desse empregado desonesto com palavras de aprovação, usando-o como exemplo perante seus discípulos.


A primeira pergunta só se pode entender e responder quando a pessoa entende totalmente o ato cometido pelo mordomo infiel. Uma antiga interpretação dessa parábola dizia que o homem rico ficou impressionado com a esperteza do mordomo que, ao receber a notificação de demissão, desonestamente reduziu as contas que terceiros deviam a seu senhor, de tal modo que ele se colocou em situação favorável com esses devedores, clientes de seu patrão.


Embora o homem rico tenha sido roubado de novo pelo delinqüente, fica, todavia, muito impressionado com a malícia desse mau empregado (v. Tiede, p. 282-3). Existe uma idéia que se relaciona a essa interpretação, segundo a qual o mordomo infiel eliminou os juros das contas devidas, de conformidade com as leis do Antigo Testamento contra a usura (v. Deuteronômio 15:7,8; 23:2-21). Assim, a idéia é que o empregado desonesto acabou realizando uma obra apropriada, justa e bíblica. Essa interpretação da parábola, no entanto, não é satisfatória. Por que o senhor deveria louvar o injusto administra­dor? Teria ele algo bom a dizer a respeito de alguém que não só lhe espoliou os bens (v. 1), mas ainda, depois de ter sido demitido (v. 2), piorou a situação ao roubar-lhe mais um pouco? Essa conclusão nos parece inadmissível. Mais plausível é a hipótese aventada por J. Duncan M. Derrett ("Fresh Light on St Luke xvi:I. The Parable of theUnjust Steward" [Nova Luz Sobre Lucas 16: A Parábola do Mordomo Infiel], NTS 7 [1961], p. 198-219), seguido de Fitzmyer (p. 1097-98), segundo a qual o que o empregado desonesto fez foi cancelar suas comissões, que o senhor lhe devia, ou suas participações nos lucros.


Ao cancelar suas comissões, os débitos dos devedores de seu senhor diminuíram. Essa ação, sem dúvida, resultaria em bondade no futuro, da parte desses credores para com o mordomo infiel. Nesse caso, o homem rico não foi enganado mais uma vez, por essas ações finais daquele que fora demitido. Os credores continuam devendo o que deviam ao senhor; o ex-mordomo, abrindo mão de suas comissões que lhe eram devidas, contempla agora um futuro menos trevoso, mais promissor.

Se entendermos a parábola dessa maneira, tornar-se-á muito mais fácil entender a razão por que Jesus viu na ação do mordomo infiel um exemplo a ser imitado por seus discípulos. Esses, à semelhança do mordomo infiel, deveriam reconhecer a vantagem de abrir mão de um pouco agora, para que um dia, no futuro, se possa ganhar muito mais.



16:8b-13 / Várias lições podem ser tiradas da parábola do mordomo infiel (16: l-8a). A implicação é que esse mordomo esperto, mas desonesto, é digno de elogios por causa das providências astuciosas que tomou a fim de garantir seu futuro.

Os discípulos de Jesus deveriam aprender uma lição da inteligência demonstrada pelo mordomo. O v. 8b sugere que muitas pessoas, os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.


Portanto, "os cristãos podem aprender alguma coisa da prudência dessas pessoas do mundo" (Fitzmyer, p. 1106). Uma lição que tiramos dessa parábola está no v. 9. Os discípulos de Jesus recebem a ordem de granjear amigos com as riquezas da injustiça (lit, "fazei amigos com as riquezas da injustiça"). Jesus (ou Lucas) não está propondo a seus discípulos que adquiram riquezas desonestamente, mas está exortando-os a que não desprezem oportunidades e recursos que sustentarão o povo de Deus e farão progredir a missão cristã. Ao usar os recursos deste mundo de forma sábia, os cristãos podem ter certeza de que, quando estas [as riquezas] vos faltarem (assim diz a Vulgata: "quando você faltar" [i.e., "morrer"), vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Enquanto os seguidores de Jesus estiverem na terra, deverão fazer uso dos recursos deste mundo, para que se mantenham a si mesmos e à obra da igreja. Todavia, quando estes recursos se exaurirem e a obra daquela vida terminar, os seguidores de Cristo podem esperar ser recebidos num lar eterno, não temporário, um lar cujos recursos são infinitos.



Nos vv. 10-12 tiramos uma segunda lição da parábola do mordomo infiel.

O princípio do v. 10 é que pela forma de a pessoa conduzir-se no mínimo, isto é, com "poucas coisas", evidencia-se a forma pela qual ela vai conduzir-se no muito, isto é, quando dispuser de "muitas coisas". No v. 11 chegamos àquilo que, para Lucas, é talvez o cerne da questão. Se os seguidores de Jesus não conseguem manejar adequadamente as riquezas mundanas, não podem esperar que lhes sejam confiadas as celestiais, as verdadeiras.

Em outras palavras, se os cristãos não conseguem gerir adequadamente seu dinheiro, suas propriedades e outros bens materiais (no socorro aos pobres e sustento do ministério), não devem esperar que se lhes confiem as recompensas e as riquezas de duração eterna (cf. Mateus 6:25-34). Fica implícito que a mordomia do crente nesta vida forma a base da recompensa e responsabili­dade futuras, no céu (v. Mateus 25:14-30). O v. 12 acrescenta um novo pensamento a essa segunda lição: se os discípulos de Jesus no alheio não foram fiéis, quem lhes dará o que é deles? Ou seja: se não cuidarem bem da propriedade de Deus (o alheio), será que Deus lhes dará a bênção que lhes foi prometida (o que é deles)?



O v. 13 prove a terceira lição extraída da parábola do mordomo infiel. Em Mateus esse versículo ocorre num contexto muito mais amplo (6:24), concernente à necessidade de a pessoa ser leal a Deus em relação às coisas do mundo. Aqui em Lucas o enunciado ressalta mais uma verdade com respeito às riquezas, algo que todo seguidor de Jesus deve saber, uma verdade que já fora proposta nos vv. 9-12. Os cristãos devem toda lealdade a Deus e não às riquezas (lit., "mammon"; v. a nota abaixo). Esse enunciado impede, assim, que alguém entenda mal os vv. 8b e 9 acima. É verdade que os cristãos devem aplicar suas riquezas em bons propósitos, mas não devem escravizar-se a elas. Aqui está um grave perigo para muitos cristãos. O que com freqüência é tido como "boa mordomia", isto é, "boa administração de bens", ou "bênçãos vindas de Deus", na verdade nada mais é que usura, avareza e materialismo.



Por todo o seu evangelho, Lucas revela preocupação quanto à atitude correta no uso das riquezas. Lucas 16 provavelmente representa o ponto

mais alto desse tema. A lição básica com que essa passagem se encerra é que os cristãos devem estar preocupados com a utilização adequada das riquezas, impedindo que se tornem ídolos.
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